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Em primeira mão vale comentar a minha experiência pessoal ontem, me deparei com uma escolha "teoricamente" difícil Estava com os amigos e haviam duas sessões no mesmo horário, o velho enlatado americano de sempre, Fúria de Titãs, e a pré-conceituada produção nacional,Quincas Berro D´água. A escolha mais usual seria a produção norte-americana, mas o cinema nacional tem se mostrado tão ímpar das obras em que costumamos assistir, que decidi optar pelo nosso.
A escolha foi a mais acertada possível, a produção de Sérgio Machado, baseada na obra de Jorge Amado, mantém os medalhões dos filmes brasileiros, o regionalismo exacerbado bem como uma linguagem poética. Esses medalhões que são bastante visíveis em obras como "Lisbela e o Prisioneiro" e o consagrado "O Auto da Compadecida", permanecerão como ingredientes essenciais para a trama. Enquanto o tom poético desperta uma emoção literária, que remete ao material original, o livro, o regionalismo ajuda e muito o desenrolar das cenas engraçadas.
Rei dos botecos, bordéis e gafieiras da Bahia, o ex-funcionário público Quincas Berro d’Água é encontrado morto em sua cama. Inconformados com sua morte, seus melhores amigos “roubam” o corpo e o levam para uma última noite regada a festa e muita bebida. Em meio a mil confusões, Quincas “vive” a sua segunda e definitiva morte, desta vez como sempre sonhou. (Sinopse tirada do site oficial)
Enfim a história é sem dúvida uma das mais sem noção que já foram adaptadas para o cinema, pelo menos para o nacional. Vejam bem, Quincas já está dentro do caixão em uma espécie de velório, quando seus amigos boêmios, sob o efeito do álcool, decidem que isso tudo é uma peça pregada pelo brincalhão Quincas, e quando consultam as horas, ao ver que ainda são dez, percebem que ainda faltam duas horas para aproveitar o aniversário do velho beberrão, e assim o fazem, levando para diversos lugares. A trupe de vagabundos ainda confunde todo pessoal ao dizer que Berro Dágua "está num porre danado".
Além da história interessante e um cenário espetacular, ainda tem um super elenco contando com Mariana Ximenes, Paulo José, Marieta Severo e Milton Gonçalves, fora a turminha de vagabundos do velho Quincas, que dá um show.
Apesar dos inúmeros pontos fortes do filme, a obra de Sérgio Machado não é nem de longe uma unanimidade em questão de adaptação, sabe-se que o filme tem pouco das características do diretor não sendo absolutamente autoral e muito menos totalmente fiel ao livro. Lembro também que o filme não tem nenhuma sequência de comédia realmente empolgante e inteligente, abusando do humor óbvio e despretencioso.
Alguns pontos realmente espetaculares do filme são a narração de Paulo José (Quincas), contando a história da sua farra como morto, a trilha sonora, sensacional e realmente empolgante, e os efeitos especiais. É um filme visualmente muito bonito, e a sequência no mar é digna de grandes produções internacionais.
Apresenta-se Quincas e sua trupe para uma nova geração e faz muito bem. O filme é cativante ainda que não seja espetacular, mas indubitavelmente é mais uma prova que o cinema nacional veio para ficar.
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